sábado, 7 de maio de 2016

Despertar as crianças para o conhecimento...

Durante vários anos, por opção relacionada com a dinâmica familiar, pouco levei os miúdos a passear em termos culturais.
Vivíamos no campo, num condomínio onde os miúdos podiam andar na rua livremente, e parecia-me que isso chegava... brincar sem restrições. E se calhar até foi, durante muito tempo, uma excelente opção.
No Inverno os miúdos brincavam em casa, num sótão só deles, com tudo o que precisavam para criar os seus mundos de sonho...
No Verão brincavam na rua, tinham a piscina, as bicicletas, os patins...
Eram felizes!
Mas cresceram e de repente a Mi começou a querer mais.
Os três começaram a ter curiosidade sobre o mundo, sobre a arte (em especial a Mi) e sobre a história...
Os primeiros passeios foram por Sintra (amo Sintra) e eles adoravam conhecer tudo, queriam ver e saber.
A primeira grande viagem cultural deles foi a Londres e a reacção foi perfeita. Os museus foram a grande atracção deles. Adoraram tudo. O F. adorou em especial o Museu de História Natural, a Mg o Science Museum e a Mi o British Museum (a colecção egípcia, grande paixão da Mi)...
Adoraram tudo, queriam saber tudo e tinham verdadeira ânsia pelo saber.
Fiquei espantada com aquela sede de conhecimento e percebi o que precisavam...
Em Portugal, continuávamos sem  passear muito, mas no Verão seguinte fomos a Madrid e Barcelona e os meus filhos amaram tudo.
Em Madrid (para além do parque da Warner) adoraram o Museu Rainha D. Sofia (gosto mais do que o Museu do Prado - gostos pessoais...), bem como o Palácio Real... Em Barcelona amaram o Parque Guell e adoraram a Casa Milá/ La Pedrera... Foi um gosto vê-los de headphones muito interessados em perceber tudo...
De regresso e nesta nova vida que agora vivo decidi investir afincadamente no aprofundamento dos conhecimentos dos meus filhos. Despertá-los para as artes em geral: pintura, escultura, arquitectura, história, música... E eles têm adorado.
O primeiro Museu que escolhi foi o Berardo e recomendo vivamente. Os miúdos adoraram e divertiram-se imenso. Os seus gostos manifestaram-se claramente na escolha da obra preferida, mas isso é crescer também...
Seguiu-se o Padrão dos Descobrimentos, a Exposição do Corpo Humano, o Museu da Electricidade, a Gulbenkian, e agora vão começar os concertos...
Eles andam tão felizes.
E vejo que estão mais ricos, como pessoas interessadas no meio que os rodeia.
Partilho com eles as esculturas, pinturas, poemas e músicas que adoro...
Ouço a leitura que fazem do que vêm ou ouvem e fico tão orgulhosa...
Começámos agora a desbravar este caminho em que eu aprendo tanto como eles, mas sei que desta forma serão muito mais completos enquanto adultos.
Cabe a nós, pais, levá-los a conhecer o mundo que os rodeia, despertá-los para a arte, para a sede de conhecimento.
Se virem em nós esse exemplo seguirão com prazer e tudo fará naturalmente parte do seu desenvolvimento...
Assim é em tudo e também, e em especial, nesta área...

Ficar em casa com os filhos... É uma opção, mas não a minha...

Leio muitas vezes reportagens, comentários, etc. sobre as mães que optam por ficar em casa com os filhos, em especial quando são mais pequenos, em vez de regressarem ao trabalho ou procurar um.
Sem tecer qualquer juízo de valor acerca dessa opção, que respeito, acho que era incapaz de o fazer.
A minha realização pessoal passa necessariamente pela realização profissional.
Não concebo a ideia de não trabalhar, de não me sentir produtiva, de não me realizar profissionalmente, procurando alcançar os meus objectivos nessa área.
E, ter filhos, não alterou esta minha visão.
Na verdade, admito, que me sinto desconfortável com os comentários de que as mães que optam por ficar com os filhos também têm uma vida muito atarefada, muito cansativa, muito absorvente...
Acredito...
Ok, tratar de uma casa, garantir a sua limpeza e organização dá trabalho.
Lavar e passar a roupa a ferro cansa.
Tratar dos filhos, dar banhos, refeições, ver trabalhos de casa, brincar com eles e estar com eles é absorvente...
É tudo verdade, mas, a mãe que trabalha faz isso tudo também e ainda trabalha.
Ontem, por exemplo, trabalhei desde manhã cedo e cheguei a casa perto das 20h00 - felizmente tenho o apoio da minha mãe, o que me permite chegar mais tarde.
Quando cheguei a casa tive de fazer o jantar (no caso só faltava a sopa).
Antes ainda tive de passar pelo supermercado...
Ajudei o F. a fazer os trabalhos de casa.
Fui buscar as manas à ginástica.
Em casa, dei banho e ajudei a vestir o F..
Ajudei a terminar o banho das MM.
Sequei o cabelo das MM....
Dei-lhes jantar
Fiz pipocas para a noite de cinema
Estive com eles a dar um pouco de atenção
Deitei-os...
Que horas eram?
Cerca das 22h30...
Estava estoirada... no meio desta correria ainda consegui fazer um pouco de ginástica...
Quando finalmente a casa estava silenciosa eu estava cansada, agastada... ainda que feliz.
Se não trabalhasse? Teria feito tudo isto com calma, sem pressas...
Não invejo quem fica em casa mas não é a minha opção.
O reverso da medalha? Fico mais cansada, quase não tenho tempo para mim, mas sou feliz pois estou realizada como profissional e como mãe...
Opções...

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Mudar de vida aos 41...

Hoje, a propósito de um excelente texto do Público, dei por mim a pensar como é, de facto, mudar de vida aos 40 (no meu caso 41)...
Tudo na primeira pessoa... sem filtros...
É assustador. Não há como dizê-lo de outra forma...
Há momentos de pânico, momentos em que pensamos se não teria sido melhor ficar tudo na mesma... ainda que não fosse feliz, pelo menos estava tranquila...
Há momentos em que penso que não sou capaz... que não consigo arcar com todo o mundo nos meus ombros...
E, mudar de vida, aos 41 anos, com 3 filhos pequenos?
Nada mais tenebroso... não por eles... por eles não!
Eles são o meu mundo, o meu porto de abrigo, o melhor de mim, como diz a fadista...
Mas sei que vou ter de os ajudar a crescer, a serem adultos felizes - é o que mais desejo: mais do que ricos, com o curso xpto, etc... desejo que sejam felizes...
E é angustiante saber que estou praticamente sozinha nessa travessia... (o pai está presente, é presente e sei que posso contar com ele para tudo e em todos os momentos)
Na primeira pessoa é difícil expressar a panóplia de emoções e sensações que me fazem seguir em frente e mudar de vida aos 41 anos...
Mudar de casa, regressar à cidade, à minha cidade... É fantástico sim, mas assustador...
A casa é maravilhosa para esta nova vida. O local fantástico e perfeito para esta nova vida. A cidade é ideal para esta nova vida...
Mas começar tudo de novo é aflitivo...
Os miúdos estão felizes, claro que sim, mas tenho medo por mim e por eles, pois vão, também eles mudar de vida...
O projecto de vida de de viver numa vila, no campo, numa vivenda com cão e gato, com família tradicional (pai, mãe e filhos), com amigos que vão desde o berçário ao secundário acaba aqui para os meus filhos e eu sei que eles estão felizes mas estão assustados... e eu ainda mais por eles...
Deixo de estar casada, mas não volto a ser solteira... assumo o estatuto de divorciada... que palavra feia... não gosto dela, mas gosto da liberdade que me devolve.
Mas... ainda estou a aprender a viver com esta liberdade de poder sonhar, querer, amar, e ser feliz sozinha...
É complicado, não me venham com histórias...
É libertador, sim, quando saímos de um casamento que já não nos preenchia - só tinha por base uma grande amizade - mas não é fácil...
Sei lá eu viver agora como rapariga - sim, porque me sinto como tal - livre e desimpedida? Presumo que seja como andar de bicicleta, que não se esqueça, mas é dose... não é fácil, e o mundo em especial o mundo das relações humanas e até amorosas não está como era há 18 anos atrás... e eu não tenho 23 anos...
Não mudo de emprego, nem de local de trabalho... Valha-me isso que é a única segurança que mantenho nesta fase de revolução...
Mas... estou feliz.
Sinto-me como uma menina que vai pela primeira vez à Feira Popular - e como eu gostava de ir à Feira Popular... - Feliz e ansiosa pelas novidades, brincadeiras e alegrias, mas assustada exactamente por essa novidade, pelo desconhecido, pela renovação...
De facto, como li naquele texto que indiquei em cima, a maior mudança não é de casa, cidade, escolas, amizades, etc... a maior mudança é dentro de mim...
Dentro de mim... E essa sim é a mais assustadora.
Sempre fui uma lutadora, habituada a superar-me em tudo, mas de repente, e aos 41 anos descobri em mim facetas que desconhecia. E descobri que almejo a todo o custo ser feliz. Não exijo nada menos que isso... Ser feliz.
Dou por mim a querer ser feliz como nunca fui. A querer amar como nunca amei.
Dou por mim a querer viajar, conhecer, ler, apreciar... Parece que os dias são pequenos para tanta novidade na minha vida. Estou sedenta de tudo o que me rodeia.
Tenho novamente vontade de cantar, de dançar, de ser eu própria.
Sim, porque a maior mudança... aos 41 anos... foi ao centro de mim... foi encontrar-me como nem eu sabia que era. Descobri um eu que nem eu conhecia - soa estranho, eu sei.
E estou a adorar esta viagem ao centro de mim. Cada dia me encanto mais com isso. Mas, lá está, é assustador, pois tenho de conviver com os meus medos, os meus fantasmas, as minhas inseguranças.
No entanto, cada viagem ao centro de mim trás consigo uma superação, menos um medo, menos uma insegurança...
Não há como dizê-lo de outro modo... É assustador... Dá pânico... Mas é muito, muito enriquecedor.
A maior mudança está na minha cabeça e no meu coração e esses, agora, e de agora em diante apenas a mim pertencem...
Um dia destes assustei a minha mãe dizendo-lhe: A C. que conhecias morreu... não existe mais. Claro que era uma metáfora, mas assustou-se, coitada.
No entanto é verdade, mudei de tal maneira que não existo mais como era... nunca mais.
E é isto... Mudar de vida aos 41 anos...

quarta-feira, 23 de março de 2016

Mãe: a melhor amiga?

Sempre tive esta dúvida. Deveria ser a melhor amiga dos meus filhos ou apenas  (e já é muito) mãe.
Sei que sou a pessoa que mais ama e amará os meus filhos (a par do pai, claro), mas numa altura da vida em que a Mi chega à adolescência questiono-me com mais afinco...
Não quero que o meu papel de mãe, que pode implicar muitas vezes ter de ralhar, chamar à razão e eventualmente castigar, afaste os meus filhos de me contarem os seus problemas, pedirem opinião e até contar confidências.
Mas, por outro lado, é inconcebível que sendo amiga me demita do meu papel de mãe. Explico: muitas vezes posso não concordar com as decisões que eles tomem, posso achar que são prejudiciais. E que fazer? Aceitar de modo a que continuem a contar-me ou dar a minha opinião e se necessário repreender se a decisão for mesmo incorrecta?
Não consigo ser só amiga. Não sou a amigalhaça que dá uma palmadinha nas costas mesmo perante um erro. Sou a melhor amiga deles porque os amo mais do que qualquer outra amiga, mas sou mãe e esse papel ninguém mais o tem por mim.
Acho fantástico que tenham segredos com os amigos... de namoricos, pequenos desvios da normalidade... Também tive e era tão bom... Não pode ser comigo que partilham essas confidências.... não tenho a idade deles, não vivo a sua realidade...
Mas quero que, nas grandes decisões contem comigo. Quero que saibam que mesmo errando eu estarei aqui... pois mesmo que ralhe ou castigue, no final haverá sempre um beijo, um abraço e um enxugar de lágrimas com sorrisos... Haverá sempre amor, sempre!
Hoje, em conversa com a Mi, respondi algo que serve para tudo na sua vida... "Segue o teu coração... ".
Tal como o pescador ensina a pescar e não dá o peixe... Também eu não quero decidir pelos meus filhos na sua vida, mas sim dar-lhes as ferramentas necessárias para que o façam correctamente...
Que sejam sempre verdadeiros, íntegros, honestos e com coração puro... Se assim for, decidirão sempre correctamente... Sempre

segunda-feira, 21 de março de 2016

Mães chatas criam filhos maravilhosos...

"Mães chatas criam filhos maravilhosos...": Palavras da Mi...
Ontem, depois de uma tarde/noite maravilhosa com os meus filhotes que incluiu gelados, cinema (Zootropolis, que por acaso adorei) e jantar de fast food...já no regresso a casa a Mi resolver dar uma resposta de pré-adolescente...(o teor da mesma é agora irrelevante...)
Não tenho pachorra para respostas de "chica-espertice" como lhes chamo... E elas sabem (sim, porque o F. ainda é pequeno para estas parvoíces).
Claro que a minha resposta, seca e cortante, não se fez esperar e aproveitei a deixa para dar um típico sermão de mãe de quase adolescentes...
Fazê-las sentir a necessidade de serem responsáveis, de adquirirem maturidade, de saberem fazer as escolhas acertadas com objectivos claros. Enfim, um sermão com o intuito de as fazer perceber que as suas escolhas, as suas atitudes, os seus objectivos e meios para os atingir já poderão ter repercussões no futuro de cada uma.
Sei que sou uma mãe extremamente exigente.
Costumo dizer, a brincar, que instituí um regime militar em casa, o que em parte é verdade, mas entendo verdadeiramente que sem regras não há educação e sem educação não teremos adultos válidos.
Expliquei às MM's que a única coisa que quero é que cresçam saudáveis, com valores, com objectivos, e que sejam um dia adultos de que se possam orgulhar. Por isso dou tanta importância à responsabilidade, ao trabalho, à educação... a valores como integridade, honestidade, respeito...
Sei que muitas vezes, com isso, acabo por ser um pouco "General...", mas sinto que é importante que interiorizem tais valores e regras de conduta. Daí que, mesmo sendo por vezes difícil, prossigo no meu caminho.
Sou uma mãe, por outro lado, muito meiga, que faço questão que saibam, a qualquer momento da sua vida, que os amo incondicionalmente... Mais que tudo na vida mesmo.
Por vezes tenho receio que não percebam a minha intenção... Que não percebam que apenas quero o melhor para eles, e que possam ser tudo o que queiram um dia. Tudo mesmo...
Mas, esse meu receio de poder ser incompreendida desvanece-se pelas palavras dos meus filhos...
Neste domingo foi a Mi. Ouviu o meu rol de recomendações, riu-se porque eu referi que por vezes o regime militar é apenas um meio de conseguir os objectivos, e eis que ela me responde: Sabes mãe, li na internet e é verdade: "mães chatas" (sim, fui apelidada de chata...) "criam filhos maravilhosos" e nós sabemos que é só isso que queres... o melhor para nós
Fiquei num misto de orgulho e comoção pois ela, a Mi, percebeu exactamente o meu papel de mãe, a dificuldade de tentar criar filhos responsáveis e respeitadores mas sendo uma mãe presente e meiga em todos os momentos.
Sei que estou a trilhar um caminho árduo, mas por eles e com eles vale sempre a pena...

sexta-feira, 18 de março de 2016

Homenagem ao meu pai e a todos os pais que admiro...

Amanhã será uma vez mais dia do pai... Mas uma vez mais não comemorarei esse dia.
É o terceiro ano sem o meu pai neste dia e as saudades são tremendas.
Este ano o dia é ainda mais complicado pois com o divórcio também não partilho a alegria dos meus filhos ao celebrar o dia do pai... mas quero que eles o celebrem.
É angustiante não ter o meu pai neste momento. Faz-me tanta, mas tanta falta...
Tenho saudades do seu sorriso, dos olhos verdes mais bonitos que algum dia vi...
Lembro-me bem de, no Hospital, quando já pouca vida restava, lhe pedir para me mostrar os seus olhos maravilhosos... com muito custo abriu os olhos... Já não tinham o brilho de outrora, mas eram lindos, os mais lindos olhos verdes que já vi.
Sempre insatisfeito, tudo o que eu e a minha irmã alcançávamos parecia sempre pouco pois na realidade acreditava mais em nós do que nós o fazíamos... Recordo-me da resposta dele quando, num concurso de acesso a profissão, entre cerca de 1750 candidatos, fiquei em 52... Só? Disse-me ele, podias ter ficado ainda mais à frente. Na altura fiquei, confesso, um pouco desiludida, mas mais tarde percebi que ele tinha a certeza que eu era capaz de fazer ainda melhor. E tinha razão...
Não era um Pai fácil, pois era exigente, disciplinador e contido, até nos afectos, mas amava-nos tanto, mas tanto...
Um homem contido que, no entanto, não continha as lágrimas perante uma história mais romântica ou uma justiça praticada.
Era o homem mais íntegro e honesto que conheci e que irei algum dia conhecer. O seu sentido de justiça era levado ao extremo. Não suportava uma injustiça, não pactuava com qualquer desonestidade e sempre nos ensinou, a mim e à minha irmã, e mais tarde aos netos, que a honestidade e a integridade eram os valores mais importantes na vida.
Deitar a cabeça na almofada e dormir de consciência tranquila era o seu lema. E sempre o cumpriu.
Gostava de ver os que o rodeavam felizes, tudo fazendo por isso.
Recordo-me de ver o meu Pai entrar das brincadeiras dos meus amigos... o que nos ríamos com ele (nunca dele), pois entrava em qualquer brincadeira, nada levava a mal e tinha sempre uma palavra brincalhona para rematar.
Um homem muito dotado intelectualmente, extremamente inteligente e muito interessado em tudo o que o rodeava. Escrevia e falava com elevada correcção. Era excelente conversar com ele, aprendi tanto com ele, tanto...
Cresci com as suas histórias do trabalho, talvez por isso tenha seguido uma área próxima da dele. Mas sei que a família sempre foi o mais importante para ele. Sempre.
Casado com a minha mãe há 53 anos... Bodas de ouro já tinham celebrado. Um grande e verdadeiro amor, que superou distâncias, crises - como todos - mas que superou tudo e era lindo de ver como tantos anos depois ainda havia amor, verdadeiro amor, e havia um brilho no olhar que não esmoreceu...
O meu pai sempre lutou por mim e pela minha irmã. Nunca nos deixaria mal e nunca nos abandonaria. Sei que éramos a sua grande paixão, a sua vida, e por nós tudo, mas tudo faria.
Adorava e adoro o meu pai.
Tenho imensas saudades dele, ainda para mais numa altura em que não tenho na minha referências masculinas - com excepção do meu filhote F. que por ser pequeno ainda não entra nesta estatística...

Dedico este texto ao meu Pai. A quem muito amo e amarei sempre, apesar de não estarmos fisicamente juntos.
Dedico também ao Pai dos meus filhos, que os ama e sei que sempre os protegerá.
Dedico ainda a todos os Pais de verdade: não apenas aqueles que todos os dias vivem a paternidade em família, mas em especial aqueles pais que lutam diariamente pelos seus filhos.
Dedico aos pais que tudo fazem para poder criar os filhos, para os poder acompanhar e ver crescer, mesmo quando se encontram em famílias monoparentais, pois esses Pais lutam contra uma sociedade que ainda não vê com bons olhos que sejam os Pais a criar os filhos sem uma mãe.
Dedico, em suma, a todos os Pais que amam os seus filhos acima de tudo, pois só assim concebo a paternidade.
Feliz dia do Pai para todos os Pais.

segunda-feira, 14 de março de 2016

O divórcio e a escola. ...

Quando eu e o pai dos três decidimos optar pelo divórcio a primeira e principal preocupação de ambos foi como contar aos miúdos e minimizar o sofrimento...
Eles andam já todos na escola. No 1.°, 4.° e 7.°,  respectivamente.
Aproveitei então as reuniões de entrega de notas, em Janeiro, para falar com as professoras dos mais novos e com a Directora de turma da Mi.
Foi complicado, pois estamos a falar de pessoas que pouco conhecia mas a quem tive de relatar situações do foro privado.
Correu muito bem. Felizmente os meus três filhos têm professores excepcionais que perceberam o contexto, a necessidade de apoiar os miúdos e a atenção que era preciso ter.
Fiquei super tranquila. E com razão para isso. Nos dias que se seguiram ao desabar do mundo dos meus filhos, sei que tiveram todo o apoio na escola. Tiveram os mimos necessários e a compreensão quando ficavam tristes e choravam. Note-se que todos os professores da Mi souberam para poderem estar atentos.
A escola desempenhou um papel fundamental para o bem estar dos meus filhos nesta fase conturbada da vida deles....
E foi engraçado ver que os resultados escolares não se alteraram de forma significativa e inclusivamente estão já iguais ao que sempre foram...
Os filhotes estão agora em período de acalmia após tempos conturbados mas sei que irão recuperar e sei que  a escola tem tido um papel fulcral nesta situação.
Aconselho vivamente a todos os que passem por esta situação que envolvam a escola no bem estar das crianças. É essencial e os resultados estão à  vista.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Estupidificar num casamento...

Sim, o verbo existe mesmo e significa "EMBRUTECERESTULTIFICARIMBECILIZAR"
É, infelizmente assim que me sinto ao olhar para trás...
Passado o choque inicial de ver o meu casamento acabar por uma situação pouco leal.
Passada a tristeza de ver um projecto de vida terminar abruptamente.
Passada a angústia do receio de recomeçar sozinha com 3 filhotes.
Passada a perplexidade com a dúvida "isto aconteceu-me mesmo a mim?".
Ultrapassada a fase inicial... 
Ficaram sentimentos de revolta, pelo tempo perdido e tristeza, não por perder o que já há muito tempo não era bom, mas sim por sentir que no percurso me afastei de mim...
Sinto que, de facto, estupidifiquei em prole de um casamento que afinal não foi gratificante.
Olho o percurso que fiz e em termos pessoais e intelectuais afastei-me dos meus ideiais e objectivos.
Em termos pessoais já o comentei noutros posts, não me apetece hoje falar disso.
Mas em termos intelectuais sinto que em certa medida imbecilizei.
Eu, que sempre adorei ler e devorava livros com prazer praticamente deixei de ler... Por desleixo claro, por falta de tempo também, mas acima de tudo porque não precisava de o fazer...
Adoro viajar e pouco o fiz durante o casamento - com excepção do último ano, em que, como que prevendo o desfecho, decidi que devíamos conhecer mais e viajar...
Sempre fui muito opinativa e crítica quanto a tudo o que me rodeia, quer em termos sociais, políticos, económicos... mas fui deixando de ser... fui-me remetendo ao silêncio e era mais fácil pouco saber por não ter com quem debater essas ideias (não porque o "ex" não fosse uma pessoa inteligente e com grande cultura geral mas apenas porque não o fazíamos...)
Sempre fui muito estética. Adorava a contemplação da beleza, mas deixei de o fazer... remeti-me a uma espécie de apatia...
Eu, que era uma Lisboeta convicta, que sempre adorei sair à noite, jantar fora, dançar até de madrugada e conviver com vivacidade, de repente... prostrei perante a vida...
Não me apercebi disto tudo até muito recentemente...
Olhei no espelho e não me reconheci...
Dediquei-me de corpo e alma a um casamento, à família e esqueci-me de mim.
Não alimentei a minha sede de conhecimento, de vivacidade, de alegria... Fiquei a ver passar a vida.
Felizmente sou resiliente. Sou uma pessoa com uma imensa capacidade de adaptação, de resistência e de luta. 
Não paro perante qualquer obstáculo. 
Não desisto perante qualquer adversidade.
Já recuperei boa parte das características que sempre me caracterizaram. 
A vivacidade, curiosidade e sede de conhecimento, procura de mais e melhor em todas as áreas da vida...
Neste momento encontro com "baby steps" o meu caminho... 
Recuperei velhos hábitos que me fazem feliz e após racionalizar e esquematizar o que não gostava na pessoa que me tornei já dei a volta. 
Já sou eu... 
Com algum "mau feitio" à mistura... 
Não faço o que não quero, não digo o que não me apetece, não sou o que deixei de ser...
Actualmente faço o que quero, digo o que quero, sou o que gosto e sinto o que me faz feliz...
E porque não dizê-lo?... Reencontrei a Mulher que estava escondida, com a sensualidade inerente...
E adoro!!!

segunda-feira, 7 de março de 2016

"Quero ver-te feliz mãe... Refaz a tua vida..."

Eu tenho, de facto, filhos fantásticos...
Perguntou-me a Mi no domingo: Mãe, queres refazer a tua vida?
Porque? Perguntei eu...
Porque pelos teus posts acho que devias... disse a Mi
Fiquei curiosa... sei que a Mi lê o blog e lê as minhas publicações no facebook, mas disse-me que este texto e o meu comentário a deixaram a pensar...





"Porque tenho em mim um pouco de louca, poeta e amante ... ainda tenho esperança... de concretizar os meus sonhos, de encontrar o amor e viver um conto de fadas... "
heart emoticon




Disse-me então a Mi que gostava que eu refizesse a minha vida pois queria ver-me feliz.
Não me quer ver mais triste ou revoltada e quer ver-me sorrir...
Respondi que gostava, gostava mesmo muito, de refazer a minha vida, mas não sei se irá acontecer...
Porquê?
1. Porque estou muito magoada e desconfiada (não ajuda);
2. Porque terá de ser alguém muito especial que me ame o suficiente para ficar comigo e com 3 filhos (pois embora sejam maravilhosos - sou suspeita, eu sei - são 3 crianças)...
Mas atenção: Não quero encontrar um pai para os meus filhos - eles têm pai e um bom pai - mas tem de gostar muito deles, respeitá-los e acarinhá-los pois sou indissociável deles...
Decidiu a Mi então fazer a lista de qualidades que um namorado da mãe deveria ter:
- Fazer a mãe feliz;
- Ser conversador e brincalhão;
- Escutar a mãe;
- Tratar bem a mãe;
- Ser compreensivo;
- Gostar muito da mãe, como a mãe merece (o que será isto para a Mi? Penso que será amor de verdade...)...
Em suma, alguém especial...
Achei piada à preocupação da Mi que me quer voltar a ver feliz... e para isso manda-me refazer a vida...


domingo, 6 de março de 2016

Nome de solteira...

Já separada mas ainda não divorciada, comecei a usar (excepto) em documentos oficiais o meu nome de solteira omitindo o apelido que adoptei no casamento...
Motivo? Já não sinto aquele apelido como meu... Adoptei-o quando me casei porque achei que seria para sempre e assim a minha família teria toda o mesmo apelido...
Não me arrependo por tê-lo feito mas agora não faz sentido.
A minha família sou eu e os meus 3 filhos....
Recuperar a minha individualidade após 14 anos de casamento impôs diversas atitudes da minha parte.
Aprender a viver sem pensar como um casal mas sim como mãe e mulher que se basta.
Já me sinto autónoma o suficiente para viver sozinha com os filhos...
Já sinto facilidade em tomar as decisões diárias sem ter a tentação de telefonar a pedir opinião ou confirmação.
Pode parecer simples mas não é. 
Quando se viveu em família, com a família e para a família é complicado.
Não concebo outra forma de viver em família que não seja em integral partilha. Partilha de vida, de sonhos, de projectos...
Por isso reaprendi a viver sozinha, sonhar sozinha e ter projectos sozinha.
Claro que os filhotes fazem parte de tudo isto mas como é óbvio eu sou a adulta responsável em casa e que como tal tomo as decisões necessárias.
Retirar o apelido faz parte de uma dessas decisões...
Recuperar a minha individualidade.
Não afasto a possibilidade de me voltar a casar (embora neste momento seja algo que me parece ilógico) mas nunca mais adoptarei o apelido de outra pessoa.
Tirar o apelido que adquiri pelo casamento pode parecer um pequeno gesto mas para mim é muito. É a minha individualidade e liberdade que está em causa... e significa tudo para mim neste momento.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Uma noite de diversão e como fazer um filho feliz...

É sabido que sou avessa a jogos de computador, tablet's e playstation, mas o F. é fã. Adora mesmo... (É de família, pois já o pai, o primo e agora ele adoram...)
Eu não gosto, mas percebo que ele, com os seus 6 anitos adora e gosta especialmente que um adulto o acompanhe.
Era uma tarefa do pai, pois eu sempre disse que nem queria aprender, mas ao ver os olhitos do F. a implorar para jogar com ele, acedi.
Um jogo de estratégia, com lutas por conquistas de territórios (estes então ainda detesto mais...mas o F. já acabou todos os jogos infantis...).
Lá comecei eu a jogar playstation... sem muito jeito, mas com convicção, eheh
Consegui jogar, fazer o percurso previsto e, para espanto meu, consegui matar os "maus" todos com golpes de espada fantásticos. O F. disse que era muito difícil e vibrou imenso. Eu achei uma parvoíce mas pronto...
A verdade é que ganhei um fã! O F. estava tão orgulhoso da sua mãe, que passei de "besta" a bestial.
Agora ele acha que a mãe é o máximo nos jogos e ganhei o seu respeito como adversário.
De seguida, o F. viu que eu estava a ver vídeos de música no Youtube... Logo a mãe que nunca ligou muito a isso.
Ficou extasiado. A Mãe estava mesmo a ver vídeos.
Eis senão quando o F. descobriu que estava a ver um vídeo com macacos (adventure of a lifetime dos Coldplay). Ficou maravilhado, em especial porque ele adora dançar e os macacos dançavam muito bem.
Acabámos a noite a dançar com os macacos, eu e ele nas macacadas bem divertidas! Ainda fizemos uma incursão no vídeo da música paradise, com o seu elefante giríssimo, mas nada como os macacos.
Ele já dorme ao meu lado, bem tranquilo, e eu feliz porque nos divertimos imenso os dois...
É tão fácil fazer um filho feliz...

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

As minhas filhas, minhas melhores amigas...

Sem desprimor para o F. que é a minha paixão, o único homem da minha vida, como lhe digo na brincadeira - o meu pai faleceu e estou separada - e por quem tenho um amor sem fim, as manas são sem dúvidas as minhas grandes amigas.
Já têm idade para cumplicidade. Já percebem os meus sentimentos, e conhecem-me tão, mas tão bem...
Eu percebo-as a milhas, consigo ler o olhar de cada uma delas, o franzir de olhos, o retorcer no rosto, o encolher dos lábios... Sei ver o que sentem e o que pensam a muita distância, sem uma palavra... uma empatia que só nós percebemos...
Mas a parte engraçada é que elas também me conseguem ler como um livro aberto. Sou transparente para as manas. Percebem cada um dos meus sentimentos, sabem ver quando estou triste, quando estou feliz, quando estou cansada, quando estou pensativa, quando estou preocupada... sabem ver tão bem o que estou a sentir...
E é engraçado, pois já temos conversas de amigas, mas como mãe e filhas.
Eu sempre disse que não seria a melhor amiga das minhas filhas, mas sim a mãe delas. E mantenho.
Sou mãe delas, não me posso demitir desse papel, pois cabe-me a mim educar, repreender um comportamento errado, aconselhar com base na minha experiência, aconchegar quando estão tristes, castigar algo grave e premiar o sucesso.
Mas, sem me afastar, do meu papel de mãe e educadora, sou amiga delas.
É verdade que têm as melhores amigas, das idades delas, da escola, das actividades, e eu adoro toda e cada uma dessas amigas - quem meus filhos beija, minha boca adoça -, mas em casa, comigo, podemos brincar e ser cúmplices como amigas - respeitando os limites da nossa relação maternal.
Gosto de saber dos seus sentimentos, as paixonetas típicas da idade, os coleguinhas que por elas se apaixonam - uns correspondidos, outros nem tanto - as brincadeiras na escola, as músicas que ouvem... Adoro conhecer a vida delas.
Não me imiscuo na sua vida, mas aconselho, com maior ou menor seriedade de acordo com o que a situação exige, mas acho tanta piada a vê-las crescer... Tanta!
E tenho sido surpreendida pela Mg.
Com efeito, a Mi sempre foi a minha companheira, com uma empatia enorme comigo e como tal sempre se relacionou comigo sem ser necessário palavras. Olhamos uma para a outra e sabemos o que nos vai na alma. Comunicamos em silêncio. Eu sei o que ela está a pensar de tudo o que se está a passar na nossa família e ela sabe o que eu penso.
A Mg sempre foi arisca e fugia de tudo o que era conversas sérias, mas agora cresceu tanto com tudo o que nos aconteceu.
À pouco, enquanto lhe secava o cabelo ela queria saber o que eu sentia do que se passou. Se eu aceitaria o pai de volta - note-se que isso nem está em questão... E quando lhe disse que não, umas lágrimas encheram-lhe os olhos, mas eu expliquei que estava bem com isso.
A Mg, caladita no seu jeito de ser queria saber que eu arranjaria alguém para ser feliz. É só o que quer, que eu seja feliz.
Adorei ver a minha filhota deitar cá para fora os seus sentimentos e mostrar o quanto está preocupada comigo. Ela cresceu tanto... Tanto...
Agora tenho duas cúmplices, duas companheiras de vida, que neste momento estão decididas a proteger-me e a fazer-me felizes.
Mal sabem que me fazem felizes pelo simples facto de serem minhas filhas - e o F. também!
Ser mãe de menino é ganhar um namorado para a vida, mas de menina é ganhar uma amiga e eu ganhei duas!
É nestes momentos que me sinto enormemente abençoada por ser mãe destas três crianças maravilhosas e únicas... Amo-os tanto...

domingo, 28 de fevereiro de 2016

As crianças e as brincadeiras - Legos, Jogos de mesa e de tabuleiro, bicicletas e outros...

Sou especialmente avessa aos jogos de computador, tablet, playstation e sucedâneos...
Sei que é uma maneira fácil e de sucesso garantido de entreter os miúdos, mas não me agrada.
Não acho que seja adequada ao desenvolvimento dos miúdos e afasta-os das suas competências sociais e afectivas. Para além de que os inibe de se relacionarem com terceiros e impede-os de fazerem actividades ao ar livre.
Porque não é este o entendimento do pai dos meus filhotes, sei que o mesmo os ocupa com tais jogos, o que entendo, uma vez que é também a sua diversão preferida e assim é uma forma de brincar e interagir com eles, mas não é a minha maneira de pensar.
Ainda hoje lhes disse que não sei e não quero saber jogar playstation...
Por tudo isto, hoje consegui convencê-los a brincar com outras coisas.
De manhã, após a minha caminhada fui agradavelmente supreendida pelos mais novos que estavam a brincar com legos, montando, desmontando, criando histórias. Fiquei tão feliz.
De tarde, depois de uma sesta partilhada com os três... Eu como é óbvio não dormi... Aliás, a única que dormiu foi a Mg, consegui que fossem andar de bicicleta. Sei que foi pouco tempo, mas foram e gostaram e querem repetir...
Agora estão ali, os três, depois de jantar a jogar Uno Royal... Um jogo de mesa, com cartas e muita, mesmo muita brincadeira. Fartam-se de rir, gritar, cantar e brincar!
Estou deliciada e sei que se estão a divertir muito mais do que com qualquer jogo de computador.
Estão a brincar, estão a divertir-se e estão juntos, o que reforça os laços afectivos entre irmãos.
Eu não posso - tenho trabalho para adiantar - mas se pudesse estava ali, com eles, a brincar!
É a minha opinião... Prefiro brincar, passear, estar na rua, brincar com legos ou com jogos de tabuleiro do que com jogos de computador, mas é só a minha opinião...

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Os filhos do/a companheiro/a...

Hoje os 3 foram conhecer a namorada do Pai.
Estou com sentimentos dúbios.
Por um lado quero que estejam bem e felizes e espero que estejam a gostar. Espero que gostem da namorada do pai e se dêem bem com ela para que fiquem tranquilos e tudo corra pelo melhor. Afinal, é a namorada do pai. Não tem de ser minha amiga - e provavelmente nunca o será - mas se gostar e tratar bem os meus filhos eu estarei feliz e agradecida.
Mas, por outro lado, são os meus filhos, os meus bebés, os seres que mais amo. Não nego que sinto algum frio na barriga. Talvez alguns ciúmes e receio. Sou mãe, e é normal.
Mas agora penso...
E ela, a namorada do pai, como estará? Ficou com o homem e saem-lhe na rifa três crianças, de 12, 10 e 6 anos de idade. Crianças que embora meigas, respeitadoras e doces (sou suspeita) têm uma vivência que ela desconhece.
Sinceramente não sei o que ela sente, mas sei o que sentiria. Algum pânico mesmo...
Sou super mãe galinha, adoro crianças e a minha tendência é para me apaixonar quando conheço qualquer criança e criar logo laços afectivos, mas numa situação destas tenho medo.
Talvez por conhecer demasiado bem crianças, sei que é preciso criar empatia com elas, não forçar a nossa presença e deixá-las irem-se adaptando a uma nova realidade.
Mas imagino-me numa situação idêntica e penso o que faria.
Em primeiro lugar, admito que teria medo que a criança não sentisse empatia comigo. Sei criar empatia com qualquer criança, sei como chegar a elas, mas numa situação destas acho que a minha espontaneidade estaria afectada pela situação.
Tenho a certeza que nos primeiros contactos seria pouco intrusiva de modo a que a criança apenas me conhecesse, se habituasse à minha presença, sem sentir que estava a tentar ganhar apenas a sua simpatia - se eu não gosto de pessoas demasiado simpáticas à primeira vista, acho que não o devo ser...
Mas sei que depois do primeiro encontro, aquela criança já teria conquistado o meu coração...
Aí surgiria o segundo medo: e se me afeiçoar e depois acabar por haver afastamento? Isso já me ia custar horrores.
Mas, seguindo...
Depois de conhecer a criança, de gostar dela e me sentir mais segura, começaria a fase da conquista, com carinho, amor, brincadeira e cumplicidade. Acho que é assim que se ganha o coração de uma criança. É assim que eu faria.
Como já disse, gostava de refazer a minha vida e, na minha idade, a probabilidade de o fazer com alguém já pai é o normal. Por isso penso o que sentiria...
Sei que os meus filhos, que querem é mais irmãos - ainda que não fosse um irmão na realidade - e são doidos por crianças iriam achar a ideia fantástica. A Mariana, mãezona como eu, baba-se pela ideia de mais uma criança em casa, e os mais pequenos seguem-lhe os passos.
Eu...
Sem tentar substituir a mãe - sim, porque os meus filhos têm mãe, que sou eu, e os filhos dos outros também têm - acho que não teria dificuldade nenhuma em acolher mais uma (ou mais) crianças no meu coração.
Aliás, se gostar do pai, gostarei automaticamente dos seus frutos...
Por mim não será problema.
Se ao refazer a vida o escolhido tiver filhos será mais um motivo de alegria, mais um motivo de felicidade.
Adoro crianças e famílias enormes, por isso até gostaria.
Sei que amarei qualquer filho de um companheiro que  tenha no futuro.
Não como mãe, pois não o serei, mas como amiga, cúmplice, cuidadora e adulta de confiança.
Tenho curiosidade pelo meu futuro, mas é uma ideia que me agrada!
Por tudo isto, acredito que a tarefa da namorada do pai hoje seja complexa, mas espero que tudo corra bem e que ela consiga amar os meus filhos como eu sei que faria.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Duas casas, duas famílias...Onde ficar, com quem ficar, quanto tempo ficar...

Porque ainda não formalizámos o divórcio e a regulação das responsabilidades parentais, eu e o pai dos 3 andamos a estudar o que será melhor para eles.
A guarda conjunta é óbvia. A tomada de decisões sobre o futuro dos nossos filhos tem de ser conjunta. Somos pais deles, queremos o melhor para eles e por isso temos de participar ambos em todas as decisões que lhes digam respeito. Aliás, ficando a amizade e o respeito por todos, parece-me indubitável que é assim e que entre nós sempre correrá bem.
Mas e quanto à residência? Com quem ficam os meninos?
A nossa decisão, foi desde o início que os meninos ficam comigo.
Mas e quando vêem o pai? De 15 em 15 dias passam um fim de semana com o pai?
Parece-nos muito pouco. Isso é ser pai de 15 em 15 dias e não é isso que pretendemos.
Residência alternada, é capaz de ser complicado considerando que os meninos terão actividades extracurriculares, terão épocas de testes e a casa do pai é relativamente longe da escola que escolheremos.
Mas quando não há testes ou actividades e mesmo havendo, se der para articular, porque não irem para casa do pai uma ou duas noites por semana? Se todos estiverem de acordo será uma maneira de estarem mais tempo com o pai.
É claro que só de pensar e escrever isto me custa horrores. Eu nunca estive afastada dos meus filhos. Nunca...
Não me imagino sequer uma noite sem os ter, mas se é essencial para o desenvolvimento deles e reforço dos laços afectivos com o pai, então terei de colocar o meu coração de lado e apoiar esta decisão.
Se eles estiverem bem, eu estarei bem.
O bem estar deles e o crescimento saudável é o mais importante.
Não sou eu. Sou só a mãe deles... Eles não me pertencem, em termos de propriedade.
Por isso acho que tentaremos que tudo dê certo para eles. Sempre e acima de tudo respeitando as vontades deles. O que querem. Se querem ir ou ficar. Jantar ou dormir....
Terão sempre duas casas, duas famílias que os amam...
E precisam tanto da mãe como do pai, por isso tenho de colocar o meu amor egoísta de lado e amá-los tanto que a felicidade deles seja o meu único objectivo. Único mesmo.
Só quero que sejam felizes. E eles estão a crescer e terão sempre asas para voar, sabendo que têm sempre um (neste caso dois) ninhos para onde voltar...

Que dizer quando um filho nos diz que quer a vida antiga...

Ver um filho triste é a maior dor de uma mãe, vê-los sofrer e não poder tirar as dores. Quem me dera sofrer por eles, ter dores por eles, ter dúvidas por eles, ter ansiedade por eles... Quem me dera...
Hoje, o F. começou a chorar a dizer que queria a vida antiga. Abracei-o com o maior carinho possível e deixei-o chorar. É bom chorar quando estamos tristes... limpa os olhos, mas acima de tudo limpa a alma.
O F. dizia-me que nunca mais seria feliz, que nunca mais voltaria a ter os pais juntos e que isso o faria feliz. Disse que agora estava menos tempo com o pai - neste momento ainda não conseguimos organizar fins-de-semana e dias pois estão a adaptar-se - e que sabia que depois, para estar com o pai estaria sem mim. Ele só tem 6 anos, mas verbaliza com precisão tudo o que sente. É verdadeiro e consegue explicar o que sente sem dificuldade.
Eu fiquei sem palavras, com o coração partido, enquanto o abraçava. O pai ficou a sofrer também. Depois foi para o colinho do pai onde recebeu mais mimos.
Mas os mimos dos pais não chegavam hoje. A vida do F. nunca mais será a mesma e ele sabe disso e não gosta. Queria os pais juntos de novo. Perante a minha afirmação de que isso é impossível, ou seja, que os pais nunca mais voltarão a ser um casal, o F. perguntava porquê?... Mas nós já lhe explicámos tanta vez...
Hoje, a tristeza continuava... Já perdeu a namorada (a sua querida Leonor, que vive actualmente nos Estados Unidos) e  daqui a uma semana um dos dois melhores amigos vai viver para Londres...
Dizia-me o F. que já perdeu a namorada, o melhor amiguinho e quando for viver para Lisboa vai perder os restantes amigos e vai ter saudades da vila onde vivemos. E hoje não se lembrou do avô (o meu pai) que faleceu há menos de 3 anos, mas por quem o F. ainda chora por não ter memórias dele.
O F. tem razão. Tem perdido muita gente em pouco tempo. O avô (para a estrelinha), a namorada (para o estrangeiro), o melhor amigo (também para o estrangeiro), a família (pelo divórcio) e vai perder todos os outros amiguinhos e amiguinhas que conhece desde bebé.
Custa-me tanto vê-lo sofrer. Que lhe dizer? O que fazer? Restou-me dar miminhos, tal como o pai, e esperar que se acalmasse.
Já adormeceu, está tranquilo, mas o meu coração gostava de poder ficar com a suas dores...
Sei que amanhã ou outro dia, ele voltará a pensar e a chorar e a questionar o mesmo, mas acredito que a dor vá diminuindo e ele se vá adaptando com calma à nova vida.
Em Lisboa, o local onde vamos viver é calmo, tem muitas crianças e poderá brincar com elas. O F. tem facilidade em fazer amigos e em breve estará repleto de novas amizades, numa nova vida, num novo mundo e estará feliz.
Os pais não voltarão a estar juntos como um casal, mas seremos sempre os pais dele e estaremos ao seu lado, juntos enquanto pais, para o apoiar. Isso sei que será sempre assim e fico mais tranquila.
O F. e as manas vão ficar bem, mas custa vê-los sofrer....

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O primeiro toque... o amor que nasce com eles e cresce todos os dias

Vou ser sincera e talvez politicamente incorrecta... mas quando estava grávida dos 3 eu não sabia o que era o verdadeiro amor de mãe (quer dizer... na Mg e no F eu já sabia o que ali vinha)... Mas a verdade é que o primeiro toque em cada um dos meus filhos nunca me sairá da cabeça e sei que foi ali, naquele momento e não antes que os amei profundamente, como nunca tinha amado até ali, nada nem ninguém...
A gravidez da Mi não foi fácil. Antes de engravidar dela tive um aborto espontâneo às 9 semanas.. perdi em casa e vi que já estava formado o feto... Para mim foi como perder um filho e até hoje não consigo esquecer a dor e aquele momento. Seria o meu primeiro filho.
Claro que na gravidez da Mi estive sempre em pânico, com medo de a perder. Felizmente a gravidez correu bem e ela foi-se desenvolvendo saudável, mas estava grávida de 5 meses quando fui colocada em Soure, perto de Coimbra. Fiquei a viver em casa dos meus sogros, mas estive cerca de 2 meses até vir definitivamente para Lisboa com gravidez de risco...
O parto foi complicado, pois a malandra decidiu encaixar de lado e lá teve de ser de cesariana...
Mas a verdade é que eu já tinha amor à minha filha durante a gravidez, mas nada como o que se seguiu.
Lembro-me das nossas viagens todas as semanas, em que ela se movia de acordo com as músicas que tocavam no rádio. Adorava Robin Williams e a música Feel era o êxtase para ela... Não parava de se mexer dentro da barriga...
Mas quando ela nasceu... Senti uma explosão de sentimentos que até hoje me acompanha. Tiraram-na de cesariana, eu estava acordada e vi de relance a minha filha, enquanto a foram limpar, tratar e arranjar. Ela chorou o tempo todo e a minha preocupação era decorar aquele choro... Cerca de 5/10 minutos depois trouxeram-na para junto de mim. Eu desconhecia o que era ser mãe...
Eu, como mãe, também nascera há 5 minutos...
Mas assim que aproximaram a Mi de mim... assim que a vi ao meu lado da primeira vez... assim que o meu rosto tocou no dela veio um amor tão, mas tão grande que ainda hoje o sinto a sair do meu peito por não caber apenas dentro dele... (Já estou a chorar enquanto escrevo, claro...) Chamei o seu nome calmamente e beijei-a pela primeira vez... que toque suave... ali estava a minha filha, a minha primeira filha... Ela parou de chorar de imediato... abocanhou-me a bochecha e senti a ligação mais profunda que é possível sentir a alguém.
Ali nasceu verdadeiramente o meu amor de mãe, que teima em crescer de dia para dia ao ponto de ser sufocante em certos momentos...
Com a Mg, foi já um pouco diferente. Eu sabia que a amaria loucamente, como amei e amo...
Mas a gravidez da Mg foi muito complicada por um falso positivo no teste de rastreio das deficiências de cromossomas. A Mg tinha uma probabilidade de 1 para 42 de ter trissomia 18. Foi só um falso positivo - como há tantos - mas que me obrigou a tomar a decisão do que faria se ela tivesse a trissomia 18 e consequentemente a fazer a amniocintese. Foi horrível.
O medo de perder a bebé, pela amniocintese ou por IVG...
Eu queria tanto outra menina e soube na amniocintese que era uma menina...
Durante 15 dias, até ter o resultado, tive sentimentos ambíguos e ambivalentes... Afeiçoar-me ou não aquela criança que eu já sentia mexer dentro de mim e que já amava...
Felizmente estava tudo bem com a Mg e nasceu perfeitinha, num parto natural, super rápido e com recuperação perfeita.
Mas se eu a amava, perdi-me loucamente de amores por ela quando a conheci cara a cara. Quando a vi pela primeira vez, tão perfeita, tão linda, e esfomeada pois só queria mamar... eheheh
Também com a Mg o primeiro toque dela marcou toda paixão para a vida. Se a amava, passei a amar tanto mais... tanto mais mesmo... e não pára de crescer este amor
O F foi o que me deu uma gravidez mais tranquila (estava a guardar-se para o parto)... não fora a surpresa de inicialmente me ter sido dito que era uma menina - seria Madalena - e na ecografia morfológica saber que era um menino. Fiquei fula... Eu que tanto queria outra menina, afinal ia ter um rapaz... não gostei da ideia, mas actualmente sei que foi o melhor que me aconteceu.
O F., infelizmente não conheci no parto... depois de uma gravidez estupenda, o reguila resolveu complicar o parto. Quando estava já com a dilatação completa ele entrou em sofrimento devido ao cordão umbilical à volta do pescoço, e com a movimentação dele a cicatriz uterina da cesariana da Mi rasgou.
Teve de nascer de cesariana de urgência e a coisa não ia correndo bem. Segundo a médica, eu e o F somos um exemplo de que em medicina há milagres, pois nem ele nem eu ficámos com sequelas e a médica conseguiu salvar o meu útero. Fiquei com uma cicatriz igual a qualquer cesariana e segundo a médica posso ter mais filhos, sem problemas, até gémeos como me disse em brincadeira.
Quando acordei da anestesia a minha primeira pergunta foi onde estava o meu filho e se estava bem. Estava sim e pouco depois conheci o meu príncipe encantado... Se eu já tinha sentido uma explosão com as manas, com o F. foi ainda mais forte e mais pujante pois eu sabia o risco que ambos corremos.
Tocar nele, sentir o seu toque suave, o seu abocanhar nas minhas bochechas foi incrível... E a verdade é que aquele amor cresce tanto de dia para dia que me ultrapassa tanto... e em tanto...
Dos 3, tenho a certeza que o primeiro olhar, o primeiro toque, o primeiro cheiro... tudo me marcou para sempre... ali começou esta aventura da maternidade e o meu amor por eles cresceu como nunca imaginei ser possível amar alguém assim.
Hoje, adoro olhar para eles, ver o que cresceram e como cresceram... tocar-lhes e sentir a pele deles... Cheirar aquele cheirinho característico de cada um em que de olhos fechados em conseguiria identificar cada um dos meus filhos entre uma multidão...
Ouvir a sua voz, em especial quando me chamam... Mãe... a melhor palavra que posso ouvir nos meus dias...
Foi com o primeiro toque que os amei perdidamente, mas é com o passar do tempo que os amo cada vez mais e mais e mais...

Antigo blogue - http://mama-de-3.blogspot.pt/

Para quem só agora me segue, aqui deixo o link para o antigo blogue da mamã de três http://mama-de-3.blogspot.pt/
Podem aí ler os meus pensamentos e opiniões que ali fui partilhando.
Obrigada

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Pedir ajuda para lidar com os filhos na altura do divórcio

Sabemos que não é fácil lidar com as crianças na altura do divórcio. Há medos, anseios, receios que elas têm e nem sempre manifestam. Como alguém me disse: "O mundo deles vai desabar, pois as pessoas que mais amam no mundo, os pais, vão se separar". É verdade. O mundo deles desaba.
Mas podemos minimizar essa tristeza, essa dor e esse sofrimentos deles. Pedir ajuda a quem sabe e é especialista nesta área pareceu-me a melhor solução - a que o pai dos 3 aderiu convictamente. 
Falámos com a Dr.ª Eva Delgado-Martins, psicóloga, Doutorada em Programas de Educação Parental, Autora dos livros "Casa de Pais... Escola de Filhos" e "Conversas com Pais"e especialista nesta área.
Não tenho palavras para descrever a importância do auxílio da Dr.ª Eva. Ouviu-nos, percebeu a nossa realidade familiar, bem como os nossos filhos e encaminhou-nos nesta fase. O que devíamos fazer, como devíamos contar, em que ambiente, com que palavras. O que evitar, como reagir de acordo com cada criança. Foi fantástico o seu apoio e foi das decisões mais acertadas que tomei.
Para além de nos preparar para este momento fulcral, a Dr.ª Eva ainda nos orientou em quanto futuro ex-casal e pais divorciados de 3 filhos menores. Foi fundamental.
A preocupação com o bem estar dos meus filhos é tão genuína, tão verdadeira, que desde então a Dr.ª Eva tem procurado acompanhar o desenvolvimento desta situação, aconselhando nos momentos mais importantes e uma vez mais digo que o seu apoio foi essencial neste caminho que traçámos.
Tenho pena de mais casais não procurarem ajuda. É um momento demasiado importante na nossa vida e dos nossos filhos para o ignorarmos e tratar com leveza.
Correu tudo bem até agora e os 3 estão bem e tranquilos, mas tenho a certeza que devo grande parte dessa tranquilidade e felicidade dos meus filhos à Dr.ª Eva Delgado-Martins.
Aproveito este momento para agradecer publicamente à Dr.ª Eva, por todo o apoio, toda a disponibilidade prestada e todo o carinho com que nos ajudou e ajuda nesta fase da nossa vida. Foi um ponto chave na nossa vida.
A todos os pais que estejam numa situação de ruptura conjugal e tenham filhos menores, aconselho vivamente procurarem ajuda de especialista nesta área e, obviamente, recomendo a Dr.ª Eva Delgado-Martins, cuja página do facebook podem encontrar aqui: https://www.facebook.com/Delgadomartinseva/?fref=ts

Página do facebook da Dr.ª Eva Delgado Martins



Não, a mãe não tem namorado! Bolas... parem de perguntar.

Nos últimos dias, tenho ouvido a mesma pergunta todos os dias. Mãe não tens namorado? Já chega...
Explicando...
O pai dos 3 contou-lhes (e bem) que tem namorada. O 3 acharam hilariante e andam todos contentes por conhecer a "madrasta". Até aqui tudo bem. É a ordem natural da vida.
Mas os 3 agora acham que eu também devia ter namorado e perguntam "n" vezes porque não tenho namorado, se vou ter namorado e quando...
A sério...não há pachorra.
Quando contei do divórcio a familiares e amigos mais próximos, a questão que imediatamente me colocaram foi: Mas tens alguém? NÃO! Não tinha nem tenho ninguém.
Eu sei que sempre fui mais faladora, mais brincalhona, mais de viver a vida, mas era incapaz de o fazer. Jamais trairia alguém. Jamais.
Sei que de facto com a separação eu passei a ter mais atenção com o meu aspecto, passei a cuidar-me mais, a ter cuidado com a alimentação e a fazer exercício, voltei a pintar-me amiúde e a vestir como sempre gostei. Mas fiz isso por mim e para mim. Não pela separação. Foi pela minha auto-estima.
Não mudei por ninguém e muito menos por um "namorado".
Já tenho pouca paciência para esta pergunta. E agora está na agenda do dia... Mãe, tens namorado? NÃO!
E chateia-me a pergunta por dois motivos: o primeiro porque não tenho e chateia ter de responder sucessivas vezes... o segundo porque é óbvio que gostaria de vir a ter, mas tenho a vida virada do avesso.
Ainda não tenho a questão da casa totalmente resolvida - mas já encaminhada -...
Não tenho a escola dos miúdos tratada...
Não tenho sequer o divórcio assinado e a regulação das responsabilidades parentais resolvida...
Não tenho o meu coração e a minha cabeça em sintonia (Um diz vai a outra diz está quieta)...
Por isto tudo... perguntarem-me se tenho namorado já me irrita.
Até porque sei que os miúdos fazem isso porque me querem ver feliz e acham que assim serei, mas eu acho que numa altura em que vão conhecer a namorada do pai não precisariam de mais uma pessoa.
Têm sido tantas alterações na vida deles que neste momento eu não quero ser foco de ansiedade, mas apenas de tranquilidade, por isso tudo, não, a mãe não tem namorado...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Casa nova...

A nossa vida está um reboliço e decidi, com o divórcio do pai dos 3, regressar à minha cidade de origem. Lisboa...
Quando a Mi nasceu comprámos um terreno num condomínio fantástico, construímos a casa dos nosso sonhos (e dos sonhos da grande maioria das pessoas), com piscina, vista directa para o Campo de Golfe, imenso terreno para os miúdos brincarem.
Uma casa tão grande que fazia corrente de ar com todas as janelas fechadas devido à existência de um mezanino em cada ponta da casa e um corredor amplo no rés do chão a ligá-los... Uma casa tão grande que se estivesse na sala tinha de telefonar para quem estava no quarto pois mesmo gritando não me ouviam... Uma casa tão grande que os miúdos não queriam brincar nos quartos pois estavam demasiado longe de nós que estávamos na sala...
Vivemos nessa casa cerca de 7 anos. Fui ali feliz.
O F. nasceu quando ali vivíamos... ali passou os primeiros aninhos, ali começou a andar e a falar... Fui realmente feliz naquela casa.
Porém, quando o meu pai faleceu descobrimos que estávamos demasiado isolados - não nos apercebíamos pois era o meu pai que fazia a grande maioria das deslocações à vila...
As escolas dos meninos e as suas actividades ficavam a 12 km's de distância... O supermercado mais próximo ficava a 12 km's de distância...
Os miúdos não queriam viver longe da Vila e sinceramente nós também não...
Decidimos e vendemos a casa num ápice.
Na Vila comprámos um terreno onde iríamos construir a segunda casa dos nossos sonhos. Mais pequena, com adequação à nossa realidade familiar, mas seria como idealizávamos. Sabíamos o que queríamos.
Ficámos então, onde estou ainda, numa casa arrendada até construir essa casa que nem sequer chegou a ser projectada... Ficou nos nossos pensamentos, ficou nos nossos projectos mentais... ficou nas nossas fantasias.
Agora tive de decidir o que fazer. Ficar na Vila onde os meus filhos cresceram ou regressar à cidade que me viu crescer. Decidi, com o acordo dos 3 regressar a Lisboa.
A Mi queria muito vir viver para Lisboa e já ponderava vir para casa da avó para estudar numa escola com melhores perspectivas de futuro.
A Mg ficou reticente, pois é muito ligada aos amigos, mas percebeu que recomeçar é fundamental.
O F faz amigos com imensa facilidade e até achou piada.
A procura da casa ideal tem sido complicada. Começámos no Bairro onde nasci e cresci e fomos andando para o centro de Lisboa.
Procurámos boas acessibilidades em termos de transportes e serviços.
Queríamos uma casa que pudéssemos chamar de Lar... o nosso lar...
O lar onde os 3 continuarão a crescer, numa zona onde encontrarão novos amigos, onde poderão passear, brincar e voltar a ser feliz, numa cidade que tanto tem para lhes oferecer...
Um lar onde eu poderei ser feliz novamente. Onde poderei reencontrar a minha estabilidade, o meu conforto, a minha tranquilidade e onde poderei voltar a sonhar e a acreditar...
Um lar para ser feliz...
Será que já a encontrámos. É possível... O futuro o dirá e talvez tenha notícias em breve.
Mas independentemente de tudo isto, a verdade é que acho que recomeçar faz todo o sentido numa casa nova.
Mudar de estado civil. Mudar de casa. Mudar de cidade. Mudar... é a palavra de ordem e a casa nova faz parte dessa mudança...

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Refazer a vida amorosa... Nova família, mais filhos?

Se para qualquer criança a ideia de os pais refazerem a sua vida os poderia chocar profundamente, para os meus filhotes é algo que nem sequer questionam e encaram com normalidade.
Na sequência das muitas dúvidas que têm tido, decidi explicar-lhes que os pais iriam refazer a sua vida afectiva, mais cedo ou mais tarde. A muito custo e com muito tacto fui explicando que somos ambos muito jovens e que é perfeitamente normal que o pai ou eu, ou ambos, encontremos alguém por quem nos possamos vir a apaixonar e até amar. As manas, com quem eu falava, acharam isso tudo muito bem, pois apenas nos querem ver felizes, mas eis que me surpreendem de forma engraçada.
A Mg, a princesa que normalmente menos se manifesta pergunta-me com um ar engraçadíssimo: Mãe, e podemos ter mais irmãos? Achei fantástica a pergunta. A única questão que assolou a mente da minha filhota foi saber se podia ter mais irmãos.
Sei que os 3, em especial as manas, sempre quiseram mais manos. Aliás, era um projecto essencialmente meu ter mais filhos... idealizava 5 filhos... e sempre o partilhei com os 3, e talvez por isso sempre achámos que a família iria aumentar um dia. Não aconteceu, é verdade...
Mas, perante a pergunta da Mg pensei, e porque não? Se refizer a minha vida amorosa é claro que gostaria de ter mais filhos. Acho que faria parte da evolução natural. Sou ainda suficientemente jovem para isso, para pensar em ter mais filhos.
Claro que pode nunca acontecer, posso nunca ter mais filhos se não refizer a minha vida amorosa, ou a refizer apenas daqui a alguns anos, mas se se proporcionar porque não?
As manas adoraram a minha resposta, e como tal fizeram-me prometer que se refizesse a minha vida teria mais filhos e lhes daria mais irmãos.
Achei piada e ficámos assim as 3, optimistas com o futuro.
Durou pouco, pois a Mg gostava de ter mais um mano e a Mi uma mana... começaram a argumentar ambas e ali ficaram divertidas.
Não sei se acontecerá, não sei mesmo. Não sei se irei refazer a minha vida amorosa. Não sei se irei ter uma nova família. Não sei se terei mais filhos.
Mas sei que se isso tudo me fizer feliz, a mim e aos 3, então espero que isso venha a acontecer...

Três filhos...E a reacção a uma separação dos pais...

Os meus filhotes têm 12, 10 (a Mi e a Mg) e 6 anos (o F) e são a luz dos meus olhos, a minha razão de viver. É por eles e com eles que tudo faz sentido...
Mas não é fácil, não é nada fácil, especialmente quando, de repente, fiquei quase sozinha com eles. O pai não se afastou mas o dia a dia - ou melhor as noites - são essencialmente comigo.
A Mi, a mais velha, não comenta, não se manifesta. Logo ela que está a entrar na adolescência, que começava a dar as primeiras respostas "parvas", que começava a querer ganhar o seu espaço e o seu lugar no mundo, foi a que melhor percebeu que era preciso acalmar. Tem sido um pilar fundamental, é uma menina maravilhosa, que neste momento não me tem dado qualquer preocupação. A maturidade de uma menina de 12 anos é fantástica. Perante a pergunta sobre o que sentia e achava de tudo, limitou-se a responder: Se o amor acabou, prefiro que se separem a começarem a discutir por tudo e estragarem a amizade. Não podia ter sido melhor. Um orgulho que ainda hoje me comove quando penso na sua reacção...
A Mg, mais rebelde, mas mais sonhadora ainda acredita numa reconciliação. Não obstante já lhe termos dito que não, que isso é impossível, ela insiste em acreditar. É a minha princesinha de coração doce e sonhador, mas que se vai apercebendo, diariamente, que a separação dos pais é uma realidade e vai tomando isso como certo sem se revoltar.
O F., o nosso pequeno reguila, tem tido mais dificuldade em aceitar e com isso vieram as birras, os choros, e até alguma má educação. Está a melhorar. Está a passar com os dias... Apenas quer manter o carinho e a amizade do pai e da mãe, apenas quer ter a certeza que o seu mundo, ainda que diferente, continuará estável e com amor. E isso nunca lhe faltará. Quando soube da separação, apenas disse que queria ter uma máquina do tempo para voltar atrás... Mas não existem máquinas do tempo...
Não é fácil gerir estes sentimentos, não é mesmo, mas com o tempo tudo irá reocupar o seu lugar na vida dos meninos, tudo mesmo. Com amor e muito carinho tudo será melhor e os meus filhos têm um pai e uma mãe que os amam incondicionalmente, e com isso poderão contar sempre...

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Recomeçar...

Por motivos alheios à minha vontade, não consigo entrar anterior blogue da Mamã de Três, por isso criei, agora, este novo blogue, que lhe sucederá.
Não é, no entanto, um seguimento do anterior, mas sim um blogue renovado, que espelha o recomeço de uma nova vida...
A minha nova vida e a dos três filhotes!
Não é fácil recomeçar aos 41 anos.
Não é fácil recomeçar com 3 filhos pequenos.
Não é fácil recomeçar regressando à cidade onde crescemos, mas de onde saímos há 9 anos com um projecto de vida entretanto interrompido.
Não é fácil, de todo. Não é.
Com o tempo conseguirei escrever tudo o que sinto, tudo o que mudou na minha vida.
Agora ainda não.
Recomeçarei a minha vida em Lisboa, com os 3, numa casa que estamos a escolher a dedo, pois será a casa onde a nossa nova vida surgirá.
Novos sonhos, novos projectos, novas escolas para os 3.
Os 3 farão novos amigos, frequentarão novas actividades... Irão percorrer novas rotas, trilhar novos caminhos, fazer novas escolhas.
Eu também irei recomeçar.
Uma nova casa, num novo bairro... novos caminhos, novas pessoas na minha vida.
Reencontrei as amizades de sempre. As amigas que mesmo distantes sempre estiveram presentes no meu coração. E verifiquei agora que também nunca saíram verdadeiramente da minha vida, pois são Amigas!
Mas sei que tudo vai correr bem. Tenho o mais importante da minha vida. Os meus filhos. Os meus grandes amores.
Os 3 são a minha razão de viver, de me levantar e de lutar por um mundo melhor, por um dia melhor, por um futuro melhor.
Por eles quero ser um exemplo. Por eles e com eles tudo faz sentido.
É um recomeço, mas tudo o que passou na minha vida faz sentido, pois tenho-os a eles e fui feliz...
Os meus filhos, o maior amor que já senti. O amor mais puro, mais verdadeiro, mais sincero.
Dói de tanto os amar. Dói pensar que nem sempre os poderei proteger. Dói tanto, mas é tão bom.
O que mais gosto é poder vê-los, abraçá-los, beijá-los, cheirá-los, sentir o seu coraçãozinho bater junto do meu...
Poder ver aqueles olhinhos doces olhar para mim.
As suas mãozinhas a tocar nas minhas...
Vê-los crescer e vê-los tornarem-se adultos íntegros, responsáveis, humanos, humildes, solidários e resilientes.
É um recomeço, mas sei que desde que os tenha, desde que tenha o seu amor, tudo estará perfeito.
Por eles tudo. Pelos 3 tudo faz sentido.
Por eles e com eles este recomeço faz todo sentido e sei que correrá bem.
Seremos felizes neste recomeço desde que estejamos juntos...
Sei que terei de abrir mão de momentos com os 3... dias, fins de semana, férias ... mas sei que estarão bem, pois são muito amados e serei feliz se estiverem felizes...
É um recomeço, mas vai correr bem...
E recomeçar, às vezes, é a única maneira de voltar a ser feliz...
E eu quero ser feliz neste recomeço pois nunca é tarde... nunca...