quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O primeiro toque... o amor que nasce com eles e cresce todos os dias

Vou ser sincera e talvez politicamente incorrecta... mas quando estava grávida dos 3 eu não sabia o que era o verdadeiro amor de mãe (quer dizer... na Mg e no F eu já sabia o que ali vinha)... Mas a verdade é que o primeiro toque em cada um dos meus filhos nunca me sairá da cabeça e sei que foi ali, naquele momento e não antes que os amei profundamente, como nunca tinha amado até ali, nada nem ninguém...
A gravidez da Mi não foi fácil. Antes de engravidar dela tive um aborto espontâneo às 9 semanas.. perdi em casa e vi que já estava formado o feto... Para mim foi como perder um filho e até hoje não consigo esquecer a dor e aquele momento. Seria o meu primeiro filho.
Claro que na gravidez da Mi estive sempre em pânico, com medo de a perder. Felizmente a gravidez correu bem e ela foi-se desenvolvendo saudável, mas estava grávida de 5 meses quando fui colocada em Soure, perto de Coimbra. Fiquei a viver em casa dos meus sogros, mas estive cerca de 2 meses até vir definitivamente para Lisboa com gravidez de risco...
O parto foi complicado, pois a malandra decidiu encaixar de lado e lá teve de ser de cesariana...
Mas a verdade é que eu já tinha amor à minha filha durante a gravidez, mas nada como o que se seguiu.
Lembro-me das nossas viagens todas as semanas, em que ela se movia de acordo com as músicas que tocavam no rádio. Adorava Robin Williams e a música Feel era o êxtase para ela... Não parava de se mexer dentro da barriga...
Mas quando ela nasceu... Senti uma explosão de sentimentos que até hoje me acompanha. Tiraram-na de cesariana, eu estava acordada e vi de relance a minha filha, enquanto a foram limpar, tratar e arranjar. Ela chorou o tempo todo e a minha preocupação era decorar aquele choro... Cerca de 5/10 minutos depois trouxeram-na para junto de mim. Eu desconhecia o que era ser mãe...
Eu, como mãe, também nascera há 5 minutos...
Mas assim que aproximaram a Mi de mim... assim que a vi ao meu lado da primeira vez... assim que o meu rosto tocou no dela veio um amor tão, mas tão grande que ainda hoje o sinto a sair do meu peito por não caber apenas dentro dele... (Já estou a chorar enquanto escrevo, claro...) Chamei o seu nome calmamente e beijei-a pela primeira vez... que toque suave... ali estava a minha filha, a minha primeira filha... Ela parou de chorar de imediato... abocanhou-me a bochecha e senti a ligação mais profunda que é possível sentir a alguém.
Ali nasceu verdadeiramente o meu amor de mãe, que teima em crescer de dia para dia ao ponto de ser sufocante em certos momentos...
Com a Mg, foi já um pouco diferente. Eu sabia que a amaria loucamente, como amei e amo...
Mas a gravidez da Mg foi muito complicada por um falso positivo no teste de rastreio das deficiências de cromossomas. A Mg tinha uma probabilidade de 1 para 42 de ter trissomia 18. Foi só um falso positivo - como há tantos - mas que me obrigou a tomar a decisão do que faria se ela tivesse a trissomia 18 e consequentemente a fazer a amniocintese. Foi horrível.
O medo de perder a bebé, pela amniocintese ou por IVG...
Eu queria tanto outra menina e soube na amniocintese que era uma menina...
Durante 15 dias, até ter o resultado, tive sentimentos ambíguos e ambivalentes... Afeiçoar-me ou não aquela criança que eu já sentia mexer dentro de mim e que já amava...
Felizmente estava tudo bem com a Mg e nasceu perfeitinha, num parto natural, super rápido e com recuperação perfeita.
Mas se eu a amava, perdi-me loucamente de amores por ela quando a conheci cara a cara. Quando a vi pela primeira vez, tão perfeita, tão linda, e esfomeada pois só queria mamar... eheheh
Também com a Mg o primeiro toque dela marcou toda paixão para a vida. Se a amava, passei a amar tanto mais... tanto mais mesmo... e não pára de crescer este amor
O F foi o que me deu uma gravidez mais tranquila (estava a guardar-se para o parto)... não fora a surpresa de inicialmente me ter sido dito que era uma menina - seria Madalena - e na ecografia morfológica saber que era um menino. Fiquei fula... Eu que tanto queria outra menina, afinal ia ter um rapaz... não gostei da ideia, mas actualmente sei que foi o melhor que me aconteceu.
O F., infelizmente não conheci no parto... depois de uma gravidez estupenda, o reguila resolveu complicar o parto. Quando estava já com a dilatação completa ele entrou em sofrimento devido ao cordão umbilical à volta do pescoço, e com a movimentação dele a cicatriz uterina da cesariana da Mi rasgou.
Teve de nascer de cesariana de urgência e a coisa não ia correndo bem. Segundo a médica, eu e o F somos um exemplo de que em medicina há milagres, pois nem ele nem eu ficámos com sequelas e a médica conseguiu salvar o meu útero. Fiquei com uma cicatriz igual a qualquer cesariana e segundo a médica posso ter mais filhos, sem problemas, até gémeos como me disse em brincadeira.
Quando acordei da anestesia a minha primeira pergunta foi onde estava o meu filho e se estava bem. Estava sim e pouco depois conheci o meu príncipe encantado... Se eu já tinha sentido uma explosão com as manas, com o F. foi ainda mais forte e mais pujante pois eu sabia o risco que ambos corremos.
Tocar nele, sentir o seu toque suave, o seu abocanhar nas minhas bochechas foi incrível... E a verdade é que aquele amor cresce tanto de dia para dia que me ultrapassa tanto... e em tanto...
Dos 3, tenho a certeza que o primeiro olhar, o primeiro toque, o primeiro cheiro... tudo me marcou para sempre... ali começou esta aventura da maternidade e o meu amor por eles cresceu como nunca imaginei ser possível amar alguém assim.
Hoje, adoro olhar para eles, ver o que cresceram e como cresceram... tocar-lhes e sentir a pele deles... Cheirar aquele cheirinho característico de cada um em que de olhos fechados em conseguiria identificar cada um dos meus filhos entre uma multidão...
Ouvir a sua voz, em especial quando me chamam... Mãe... a melhor palavra que posso ouvir nos meus dias...
Foi com o primeiro toque que os amei perdidamente, mas é com o passar do tempo que os amo cada vez mais e mais e mais...

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